quarta-feira, 8 de julho de 2009

ACONTECEU - Sala Chico Tabibuia apresenta filme sobre Patativa do Assaré



Na última sexta-feira, dia 3 de julho, a Sala Chico Tabibuia, na Sub-Prefeitura de Tamoios, segundo distrito de Cabo Frio, apresentou o filme “Patativa do Assaré – Ave Poesia”, do diretor Rosemberg Cariry. O filme foi o último longa-metragem do cineasta cearense, que documentou os aspectos mais sutis da cultura popular do nordeste brasileiro. O filme faz parte do acervo da Videoteca Cinema Popular Brasileiro e tem como curadora Leonor Bianchi, além de ter tido como diretor um grande representante da cultura popular nordestina, incentivador do cinema nacional e nome de grande relevância da arte no cenário nacional.
PARA VER O FILME: ACESSE www.patativaofilme.blogspot.com


Abaixo um pouco da trajetória de Rosemberg Cariry, grande cineasta brasileiro:
ROSEMBERG CARIRY (Antônio Rosemberg de Moura) - Filósofo de formação, cineasta por vocação, Antônio Rosemberg de Moura, de nome artístico Rosemberg Cariry, nasceu em Farias Brito – CE, no ano de 1953. Começou sua carreira cinematográfica em 1975, na cidade de Crato, com documentários de curta-metragem sobre artistas populares e manifestações artísticas do Ceará. Na década de 80, realizou os seus primeiros filmes documentários profissionais.


O primeiro: “A Irmandade da Santa Cruz do Deserto”, episódio de resistência camponesa que ocorreu em 1936 e que terminou tragicamente com a intervenção armada do governo e com milhares de camponeses mortos. O filme foi premiado nacionalmente e recebeu convite para participar de festivais em Portugal e Cuba.


Em 1993, quando a produção de cinema no país havia entrado em completo colapso, ele filmou, ainda como cineasta independente, seu segundo longa-metragem (ficção): “A Saga do Guerreiro Alumioso”. Esse filme foi finalizado com apoio da Cinequanon, de Lisboa, e do Instituto Português de Arte Cinematográfica (IPACA). A ação se desenrola em uma cidade imaginária dos sertões. Ele mostra o confronto tradicional entre os camponeses e os grandes proprietários de terra, que será resolvido por um Dom Quixote sertanejo, que se identifica com o mito de Lampião. O filme ganhou o prêmio de “Melhor Filme do Júri Popular”, o prêmio de “Melhor Ator” e de “Melhor Ator Coadjuvante” no XXVI Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em 1993. O filme foi selecionado para representar o Brasil no Festival dos Três Continentes de Nantes (França) e participou de muitos outros festivais internacionais: Portugal, Itália. Bélgica, Turquia, Índia, África do Sul, Colômbia, Cuba, Canadá, Estados Unidos da América, Uruguai, etc.


Em 1995, Rosemberg Cariry obteve o Prêmio da Retomada do Cinema Brasileiro, em concurso realizado pelo Ministério da Cultura, e pôde começar a produção do seu terceiro filme de longa metragem (ficção), que se chamou “Corisco e Dadá”. O filme, baseado na história verídica de um casal de cangaceiros célebres nos anos 40, mostra, em toda a sua dimensão trágica, a luta do homem pela sobrevivência nos sertões secos e miseráveis do Nordeste, foi bem recebido pela crítica, teve lançamento comercial em muitas cidades brasileiras e obteve inúmeros prêmios no Brasil e no exterior, notadamente o Prêmio do Grande Coral (3° prêmio), em Havana (Cuba), e o Prêmio Cittá del Vasto (Adventure Film Festival), na Itália.


A partir de 1999, Rosemberg Cariry realizou alguns filmes: “ A TV e o Sertão”; “Pedro Oliveira - O Cego que viu o Mar” (curta-metragem - Prêmio GNT de Renovação de Linguagem) e um filme documentário de longa metragem chamado “Juazeiro - A Nova Jerusalém”. Nos anos de 2000 e 2001, idealizou e foi curador, em Fortaleza, do projeto Natal da Gente, grande encontro das manifestações artísticas populares do ciclo natalino de todo o Nordeste. Em 2001, produziu e dirigiu um filme de longa metragem (ficção) chamado “Lua Cambará - Nas Escadarias do Palácio”, finalizado em 2002.


Em 2003, Rosemberg Cariry iniciou “Cine Tapuia”, filme de longa metragem que narra as aventuras e desventuras do Cego Araquém e da sua filha Iracema, “cinemeiros” ambulantes que vagam pelo sertão, projetando fragmentos de velhos filmes sobre a história e a cultura do Ceará. Em 2007, finalizou o longa-metragem “Patativa do Assaré - Ave Poesia”, documentário sobre a vida e a obra do mais importante poeta popular do Brasil. Em setembro do mesmo ano, rodou o longa-metragem “Siri-Ará”, chamado de cinema figural brasileiro, que narra, de forma alegórica, a história e a formação cultural do povo cearense.


Atualmente trabalha no projeto “O Auto de Lampião no Além”, longa-metragem inspirado na literatura de cordel, a ser rodado no Piauí, Sergipe e Amazonas. Paralelamente à sua atividade de cineasta, Rosemberg Cariry desenvolveu todo um trabalho como escritor e poeta, com livros publicados de 1975 a 1985. Participou ainda de antologias poéticas no Brasil e no exterior. Teve ativa participação nos movimentos artísticos e literários do Ceará. Dirigiu a revista Por Exemplo, 1973/75, no Crato. Foi um dos criadores do movimento Nação Cariri e um dos editores da revista homônima em Fortaleza, de 1981 a 1987.


A partir de 1997, exerceu a função de Secretário de Cultura e Diretor-presidente da Fundação J. Figueiredo Filho, ocasião em que realizou o I Encontro das Culturas Populares do Nordeste e elaborou os projetos do Parque Histórico do Caldeirão, da Universidade Popular do Ceará, do programa Mestres e Guardiões dos Saberes Populares, do Festival de Cultura dos Povos (transformado posteriormente em Mestres do Mundo), do Centro Cultural da RFFSA, do Crato, do Corredor Cultural do Crato, da Associação dos Curumins do Sertão (Farias Brito), da Fundação Cego Aderaldo (depois intitulada Mestre Elói) e da Revitalização do Bairro Rabo da Gata (Crato), da Universidade Popular, entre outros, dando grande impulso à revitalização das artes e das culturas populares na região do Cariri.


Por ter participado amplamente da preservação do patrimônio cultural do povo brasileiro, foi recompensado, em 1996, com o Prêmio Rodrigo de Franco Melo Andrade / IPHAN, outorgado pelo Ministério da Cultura do Brasil. Foi homenageado com título de Cidadão Honorário das cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Fortaleza. Atualmente é diretor-presidente do Instituto Internacional de Intercâmbio e Cooperação Artística e Cultural - INTERARTE, sendo curador do Festival Internacional de Trovadores e Repentistas e da Mostra Cinema: Sertão e Cantoria e Festpop. Na presidência da Interarte, Rosemberg Cariry tem-se dedicado ainda à edição de livros. Em 2007, foi nomeado para o Conselho Consultivo da Secretaria para Desenvolvimento do Audiovisual do Ministério da Cultura. Em 2009, foi eleito presidente do CBC - Congresso Brasileiro de Cinema - para o biênio 2009-2010.


Um traço marcante da obra de Rosemberg Cariry é a busca sempre renovada das fontes e dos encontros culturais: procura extrair o universal do particular, estabelecer ligações entre as diferenças culturais e, em particular, entre as formas eruditas e populares. Assim, o seu trabalho, profundamente imerso na cultura no Nordeste do Brasil, chega ao universal, por meio de uma dimensão essencialmente humanista.

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